Cibele

Cibele foi uma deusa da fertilidade originária da Frígia, localizada onde hoje é a Turquia. Ela corresponde a uma tradição muito antiga de deusas-mãe, que data pelo menos do Período Neolítico, e que liga culturas como a suméria (Inana), babilônica (Ishtar ou Istar), egípcia (Ísis), cananeia (Aserá) ou grega (Gaia ou Gea, mais tarde Reia), romana (Ops), entre muitas outras.

Elas simbolizam a fertilidade que gera todas as formas de vida, e, portanto, em muitas dessas culturas são o arquétipo do lado feminino de Deus, sendo imensamente celebradas originalmente, ainda mais por esses povos dependerem tanto da agricultura. Ou seja, essas deusas também seriam responsáveis por garantir boas colheitas.

Nessa tradição, Cibele é uma das deusas mais importantes, e tem uma história bastante emocionante, porque cheia de peripécias, dignas de uma heroína, e tudo isso diz sobre o significado de Cibele, que, apesar de hoje não ser cultuada como era, ainda sobrevive no fato de seu nome ser relativamente comum entre as brasileiras, por exemplo, e entre pessoas ligadas ao paganismo. Quer saber mais sobre a deusa Cibele? Então, continue lendo!

Simbologia da Cibele  

Cibele na mitologia frígia é considerada a Magna Mater, Grande Mãe em latim, pois acreditava-se que ela gerou toda forma de vida. Mas, como também é comum entre diversos povos antigos, o fato de ser doadora de vida também fazia dela a causadora da morte (a “Mãe Terrível”, a “megera”), pois isso também lhe dava poder para renovar, regenerar, curar. Um bom exemplo disso é a história de Cibele e Átis.

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A deusa teria se apaixonado por Átis, um de seus filhos, e o tornou seu amante, fazendo um pacto de fidelidade com ele. Porém, depois descobriu que ele a traiu com uma ninfa. Uma das versões conta que, irada, ela o fez ficar louco, e durante um surto ele teria cortado o seu próprio órgão sexual. Arrependida, ela o transformou num pinheiro, que passou a ser considerado a árvore da eternidade.

História de Cibele

Segundo a mitologia, uma pedra preta (muito provavelmente um meteorito) teria caído do céu e gerado Cibele. Como deusa também da natureza e dos animais, ela era venerada em cavernas e montanhas, além de o ser no seu próprio templo, em Pessinunte ou Pessino, a terra do Rei Midas. Apesar disso, também era associada às cidades, por protegê-las, e tudo isso explica a representação de Cibele: uma deusa com um longo vestido e véu que cobre todo o corpo, usando uma coroa feita de muralhas de cidades, acompanhada de um par de leões, de um tímpano e de um cornucópio, o chifre que simbolizava abundância.

Ela tornou-se conhecida dos gregos quando Alexandre da Macedônia (356 – 323 a.C.) conquistou a Frígia e seus reinos vizinhos. Vale lembrar que ele construiu um imenso império, que ia da atual Macedônia até parte da Índia, e que, portanto, foi fundindo elementos de todas essas culturas, embora a grega tenha sido a base de toda essa mistura, no que ficou conhecido como cultura helenística.

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Assim, os gregos, que também foram estabelecendo colônias na Ásia Menor, ficaram conhecendo a frígia Cibele, que logo foi identificada com sua própria deusa-mãe Reia (filha de Gaia ou Gea, a Terra, e Urano, o Céu), que com seu irmão Cronos gerou deuses como Zeus, Hera, Poseidon e Deméter. Mas ela também foi identificada com Ártemis, por sua ligação com a natureza e com a morte. No entanto, apesar de conhecida entre os gregos, não foi tão cultuada por eles.

Os romanos, por sua vez, ficaram conhecendo-a mais tarde, durante as Guerras Púnicas (264 – 146 a.C.), cujo objetivo era primeiro disputar o controle das rotas de comércio no Mar Mediterrâneo com Cartago, cidade-Estado localizada onde hoje é a Líbia, e depois livrar-se da presença indesejada do general cartaginês Aníbal, tão próximo de suas muralhas.

Os chefes dos romanos teriam consultado um oráculo antigo que teria dito que se a Cibele frígia (isto é, a pedra que teria dado origem a ela) fosse levada a Roma, os problemas seriam resolvidos. Depois de um certo trabalho, eles conseguiram trazer a pedra, e coincidentemente na mesma época Aníbal teve que deixar as muralhas de Roma porque recebeu a notícia de que o general romano Cipião Africano tinha conseguido invadir Cartago. Em Roma, um templo foi construído para ela, com uma estátua, cuja cabeça foi a pedra trazida da Frígia.

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Entre os romanos, ela foi muito adorada, mas seu culto foi proibido aos cidadãos: os sacerdotes tinham que ser importados da Frígia, por serem castrados (devido à história de Átis), coisa inadmissível entre os romanos. Além disso, conta-se que os dias de festividades a Cibele eram muito violentos e barulhentos, pois os sacerdotes praticavam orgia entre si, além de se lacerar e beber o próprio sangue, entre outras manifestações para celebrar também o lado sombrio da deusa. O culto só foi totalmente liberado com o imperador Cláudio (10 a.C. – 54 d.C.).

Quando o Império Romano se tornou oficialmente cristão, no século IV, cultos a outros deuses passaram a ser terminantemente proibidos.

Significado do nome Cibele 

“Cibele” significa “espírito criador do calor e da vida” ou “a grande mãe dos deuses”. Este vocábulo é de origem incerta, mas o mais provável é que venha do grego, Kybéle.