Catrina

O símbolo de Catrina (La Catrina, ou só Catrina), é um dos mais conhecidos e venerados da cultura mexicana hoje – está presente em camisetas, estampas, bolsas, tatuagens, enfim, nos acessórios mais diversos.

Não é para menos: apesar de ter conseguido transcender o México, o significado da Catrina na cultura moderna remete aos povos originários desse país, portanto permanece como um registro da originalidade do seu povo diante do mundo, com mensagens profundas que interessam a todos sobre a vida e a morte e até podendo ser um protesto político. 

Quer saber como este simpático esqueleto feminino elegantemente trajado (ou caveira, dependendo da representação) ganhou um mundo que não sabe lidar com a morte lembrando exatamente sobre a finitude da vida? Então, continue lendo!

A história da Catrina 

A Catrina já existia na cultura asteca pré-colombiana: era a representação da deusa da morte, Mictecacihuatl, esposa do deus Mictlantecuhtli, senhor do reino dos mortos. Segundo algumas lendas, ela guardava os ossos dos mortos, para ressuscitar seus donos caso fosse necessário.

Apesar da sua antiguidade, ela começou a ser representada do jeito como conhecemos hoje apenas em 1910, quando o artista mexicano José Guadalupe Losada fez uma gravura em metal de um esqueleto usando um elegante chapéu. A ideia era lembrar como a morte é democrática, pois não importa a vida que levamos ou nossos bens materiais, nosso fim será igual: acabaremos todos reduzidos a ossos.

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Também era um protesto pelo fato de os governos ditatoriais pelos quais passava o México (Benito Juárez, Sebastián Lerdo de Tejada e Porfirio Díaz) estarem aumentando a desigualdade e injustiça sociais, ou seja, aprofundando a pobreza e a fome de boa parte da população. E ainda era uma crítica ao fato de as elites quererem se europeizar, esquecendo a cultura na qual foram criadas, uma mistura de elementos indígenas (por exemplo, astecas) e espanhóis – por isso que a deusa ancestral foi representada com um chapéu francês, a principal referência cultural de então para esses mexicanos.

Vem daí o nome que o artista deu à sua figura: La Calavera Garbancera, ou “A Caveira Garbanceira”, sendo que este “Garbanceira” é um nome para as pessoas que adotam a cultura de outros países e esquecem suas raízes. A gravura fez tanto sucesso na época, que muitos jornais de oposição política passaram a reproduzi-la.

Ela foi resgatada por Diego Rivera em 1948, que a representou no seu mural Sueño de una tarde dominical em la Alameda Central, resgate da cultura profunda e de mais de 400 anos de história do México. Ele a representou de corpo inteiro, com o chapéu, um vestido e acessórios finos da época, e deu a ela o nome de Catrina, feminino de catrín, que significa “bem-vestido, elegante”. Ela comumente também é representada em festas da alta sociedade e/ou montada em cavalos.

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O que significa Catrina

Dessa maneira, a simbologia da Catrina abrange muitos significados poderosos: ao mesmo tempo em que fala de nacionalismo, indigenismo e ancestralidade, ela consegue atingir todo o mundo, por falar de questões atuais que se referem a toda forma de vida: denúncia de injustiças sociais e finitude da existência. Por tudo isso, muitas pessoas a veem como um estilo de vida.

Para os astecas, a morte do corpo não era o fim da existência, pois a alma continua viva, tanto que ela volta à Terra entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro. Daí uma das comemorações mais animadas do México, o Día de Los Muertos, declarado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

Nesta data, cada família arma altares a seus entes queridos que já se foram contendo fotos, incensos, flores e suas comidas preferidas, sendo que muitas delas podem ser feitas em forma de Catrina, que também está presente na decoração das formas mais criativas, sempre muito colorida, para remeter à alegria. É considerado um dia de união familiar, oração, música e dança. Adultos e crianças são maquiados como ela, e há concursos pelo país para eleger a melhor fantasia de Catrina.

A Catrina caveira mexicana também pode estar presente nas Calaveras Literarias, que são composições poéticas feitas exatamente para o Día de Los Muertos que procuram satirizar a morte e como algumas pessoas banalizam a própria existência.

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Na cultura pop, ela, assim como o Día de Los Muertos, pode ser vista em animações como “Coco/Viva – A vida é uma festa” e “Festa no Céu”.

Tatuagem Catrina

Tanto homens como mulheres fazem tattoos Catrinas em seu corpo. O principal motivo disso costuma ser expressar a verdade de que a vida é finita, e por isso querer aproveitá-la ao máximo, isto é, com sabedoria – ela pode ser vista como um memento mori pela pessoa, expressão latina que pode ser traduzida como “lembra-te de que és mortal”.

Em vários casos, ela pode ser tatuada com a cara de uma pessoa que foi muito especial para o tatuado, principalmente alguma mulher, viva ou morta. Nessa homenagem, o desenho pode incluir flores, principalmente rosas, corações, ser muito colorida ou em preto e branco.

No caso das mulheres, se a Catrina tattoo for desenhada de forma mais estilosa, colorida e com flores, também pode representar sua feminilidade.