O veado simboliza a força de virtudes como a cura, a gentileza, o amor, a fecundidade e a espiritualidade. Isso porque nossos ancestrais observavam as plantas que eles comiam, guiados por seu olfato apurado, e assim descobriram ervas boas para comer e para curar, e aprenderam a diferenciá-las das venenosas.
Outro detalhe importante nas lendas é a imensa galhada, que em alguns povos simboliza uma coroa, e em outros representa a ligação do animal com o céu – ou seja, ele seria um mediador entre os mundos terreno e espiritual. Também é símbolo de renascimento, porque ela morre e se regenera a cada ano, tornando-se maior.
O símbolo do veado tem seu contexto em religiões como o xamanismo, marcadas por forte integração com a natureza, e comuns em comunidades da Sibéria, do Ártico e da América do Norte, provavelmente uma das mais antigas crenças tribais que chegaram até nós. Mas não se pode dizer que o simbolismo do veado seja exclusividade dela, porque ele também aparece nas mitologias de outros povos e países, como Grécia Antiga, China (tanto a cultura chinesa como o budismo), os celtas, os cristãos primitivos e povos indígenas dos Estados Unidos e do México.
O veado (ou cervo, como costuma ser chamado no Brasil) é um mamífero da família dos cervídeos, que tem espécimes nativas da Eurásia, de toda a América, África e Ártico, só ficando de fora Austrália (cujas espécies foram trazidas pela colonização) e Antártida. Assim, o arquétipo do veado pode ser atribuído a animais como o corço, a gazela, o alce e a rena.
Saltam agilmente, têm movimentos graciosos, estão sempre em alerta, alternam períodos de solidão (inverno) com convivência em grandes bandos (primavera) e seu estado normal de ser é carinhoso. Só luta quando se sente ameaçado ou para cortejar uma fêmea. As fêmeas são menores que os machos e são desprovidas da galhada (exceção feita às renas).
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Simbolismo do veado em diferentes culturas
- Veado para os celtas: nesta cultura, são associados à árvore da vida, por causa da galhada. Além disso, acredita-se no aspecto masculino e feminino do veado, respectivamente, Dahm ou Stag, de pelo marrom-acinzentado, e Eilid ou Hind, de pelo vermelho; esta última, símbolo da feminilidade, graciosidade e sutileza, era encontrada só na terra das fadas. Sua missão era, ao atrair humanos para lá, fazê-los encontrar seu caminho espiritual, libertando-os das armadilhas do mundo terreno. Outras lendas contam que as Hinds eram deusas que tinham o dom de se transformarem em mulheres para impedir a caça dos veados. Já o Dahm, representação de independência, purificação e orgulho, tinha o poder de proteger todas as espécies animais da caça.
Veja também o significado do símbolo Árvore da Vida.
- Veado nas tribos nativas americanas: o símbolo do veado nestes povos é muito semelhante ao dos celtas. Eles diziam que o primeiro xamã foi um veado, porque sua galhada fazia a comunicação entre o céu e a terra. No xamanismo, quem tem o veado por totem é uma pessoa muito intuitiva, que transmite boa energia a quem está próximo, não raro de cura. Destaca-se, na interação com outros, por sua compaixão. Pode, também, ter uma percepção sobrenatural mais apurada, por exemplo desenvolvendo clarividência ou clariaudiência. Por outro lado, pode ser uma pessoa sempre em busca de novidades desafiantes e, ao saltar de um relacionamento ou emprego para outro, para fugir da rotina, pode magoar outras pessoas. Muitos desses povos, antes de sair para caçar, oravam ao veado prometendo que só abateriam o necessário para a tribo se alimentar, como os celtas. No entanto, alguns povos reconheciam também um lado ruim no veado, pois atribuíam a ele a responsabilidade pela seca, e o jeito de conseguir chuva era sacrificando-o.
- Veado nas tribos mexicanas: alguns povos mexicanos atribuíam ao veado a origem da espécie humana. Dentre esses, o povo Huichol dizia que ele traduzia a linguagem dos deuses para os homens, e era considerado o primeiro xamã, mais tarde servindo de ponte entre os xamãs humanos e os deuses. Também o relacionaram com as suas duas plantas mais importantes: milho, alimento para o corpo (chifres do animal), e peyote, alimento para o espírito (coração).
- Veado no budismo: há muitas lendas sobre o veado, e mesmo entre as correntes do budismo pode haver diferenças consideráveis de atribuição de sentidos. Mas um ponto comum entre todas é que a Roda de Oito Raios do Dharma, um dos principais símbolos da religião, que representa Buda fazendo seu primeiro sermão depois que atingiu a luz, no Parque do Veado, em Varanasi, costuma ser representada com um casal de veados pastando, cada um de um lado da roda. Estes representariam os discípulos de Buda. Símbolo da longevidade e harmonia.
Veja também os significados dos símbolos Buda e Roda do Dharma.
- Veado na cultura chinesa: simboliza boa sorte, abundância e fecundidade. Diz-se que a galhada tem poderes afrodisíacos.
- Veado na mitologia grega: a deusa da caça, Ártemis, fazia conduzir seu carro por veados com rédeas de ouro. Nesta cultura, também é visto como um símbolo de luxúria: exemplo disso são as representações de veados ao redor de Adônis e Afrodite, ideia copiada pelos romanos.
- Veado no cristianismo: para os cristãos primitivos, era um símbolo de humildade. Uma das lendas mais conhecidas é a de um soldado romano chamado Placidus, perseguidor de cristãos, que também se divertia caçando. Um dia, ao olhar dentro dos olhos de um veado, teria visto a luz de Cristo, o que fez com que abandonasse a caça e se convertesse ao cristianismo, sob o nome de Eustáquio, mais tarde canonizado. Esta cena foi representada em numerosas pinturas medievais.
Tatuagem de veado
Fazer tattoo de veado não é coisa muito comum. Quem mais a faz são homens, em busca de representar força e virilidade, ou mesmo evocar sua força espiritual. Se realista, o desenho costuma envolver muitos detalhes; mas há os que preferem representá-lo com formas geométricas, como triângulos e círculos, reforçando o simbolismo espiritual deste animal. Há também quem desenhe só os chifres, símbolo de regeneração, ou represente o animal cercado por elementos relacionados à natureza, como flores, lua e bússola.
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